Não tem como simplesmente indicar o filme que está em cartaz atualmente e não falar sobre o livro. A leitura do livro fiz no ano de 2008 a 2009. Confesso que demorei bastante a ler, de início achei complicada a leitura, diferente das leituras fáceis que estava acostumada. Ganhei o livro da minha mãe que achou interessante e comprou para mim. Como na época que ganhei não terminei a leitura, em outro momento recomecei e o li. E me encantei e me emocionei com a história, e ontem, mais de 4 anos depois, tive a chance de ver o filme. Bastante fiel ao livro, claro que seria impossível reportar a imensidão de detalhes do livro no filme, mas foi bastante fiel e de fazer qualquer coração chorar, sofrer com toda a história da pequena Liesel e da situação em que aquelas pessoas viviam.
O livro de Markus Zusak nos traz um amontoado de palavras que te seguram como algemas e resistem a lhe soltar, mesmo quando a leitura acaba. O autor conta sobre Liesel Meminger, nascida pouco antes da Segunda Guerra Mundial, e que passará por tempos conturbados durante sua vida. Tudo começa com um trem…
Eu diria em nota pessoal que os trens estão sempre presentes quando pensamos em guerras passadas. Lembramos das cenas dos filmes que vimos, com trens cheios de soldados sendo levados a campos de batalha. Lembramos dos nazistas levando judeus a campos de concentração. Lembramos do som da máquina e da neve… sentimos frio. É nesse clima bucólico em meio ao desespero que começa a história de Liesel. Que há poucos momentos olhou às pupilas mortas do irmão e às pupilas vazias de sua mãe.
Zusak, ou a Morte, no caso do livro, usa o poder das palavras. Lendo “A Menina que Roubava Livros” você passará a dar mais importância às palavras. Definitivamente. Assim como a menina, que começa sua vida de ladra ainda muito criança, após o enterro do irmão, quando o primeiro livro “pede” para que ela o leve. Ela se sente embriagada pelas palavras, necessitada. Na verdade, na época ela ainda não sabia ler. Mas mesmo assim, ela sente a cleptomania súbita a invadir, que a faz retirar aquele livrinho da neve. Que a fez escondê-lo. E que a fez uma amante de palavras…
A menina está, no momento em que o irmão falece, sendo levada para uma família de criação na rua Himmel, uma área pobre na cidade de Molching. Lá ela conhece seus pais adotivos: Hans e Rosa Hubermann. O homem de olhos de prata e a dona de casa rabugenta. Desde o início da história a Morte ressalta as cores. E os olhos de prata de Hans não vão sair de sua mente, caro leitor, não pelo menos antes da primeira semana após o fim da leitura. Ele possui os olhos de afago que todos gostaríamos de ter, assim como o coração nobre e sagaz.
Rosa. A dona de casa, senhora mamãe de criação de Liesel, a gorda de cabelos de vassoura. A arrogante. O primeiro sentimento que Rosa nos desperta é a raiva. Não há como gostar de alguém tão prepotente, que fala tanto e que age como uma saumensch (palavra bem utilizada no livro). Mas aos poucos ela vem ganhando sua admiração. E, após alguns capítulos, Rosa passa a não ser somente a mais odiada… ela passa a ser levemente aclamada e de certa forma adorada. Sim, uma saumensch adorada. Quem mais faria por um “criminoso” o que Rosa fez? Aliás, quem mais faria por um “criminoso” o que Rosa, Liesel e Hans fizeram?
Durante nossa infância, adolescência, juventude em geral, vivemos de amores. Então como não falar de Rudy Steiner? O primeiro amor e melhor amigo de Liesel. O menino que a acompanhou em seus furtos, que salvou o livro do afogamento. O menino do pequeno urso. O maluco do Jesse Owens… O amor de Liesel… amor este que só foi aceito por ela quando as circunstâncias já não eram mais favoráveis aos dois. É a maior reviravolta que o autor te faz ler. Os que já leram vão lhe garantir o mesmo. E quando você ler se sentirá frustrado e incapaz, leitor.
Liesel tem uma infância comum (pelo menos ao que era comum naquela época pré e durante a guerra). Futebol à tarde, pouca comida, juventude hitlerista (que era na verdade abominada pela menina), acordeão, lavação de roupas e livros. Livros roubados… O gosto pelo sabor doce do furto. E dentre planos e tentativas (alguma falhas) ela descobre que o melhor roubo era o dos livros. A recompensa: a leitura com papai na madrugada (após a interrupção noturna). E a leitura só por ela, quando mais velha. Os livros a salvarão, eles geralmente fazem isso a quem precisa.
Markus Zusak sabe o poder que as palavras possuem. Através da Morte ele expressa e demonstra esse poder. Ele também conhece a maior arma de Hitler, a mais poderosa, de todas (que você só vai descobrir lendo)! A simplesmente “não consigo parar de ler” saga da menina Liesel tem vários altos e baixos. E tudo o que acontece faz com que a garotinha aprenda a usar esse poder. A senhora Ilsa Hermann que o diga, não? Assim como os moradores da rua Himmel durante os bombardeios.
Grande parte do desenvolvimento de Liesel se dá com a ajuda de Max Vanderburg, que cometeu um dos maiores crimes que alguém poderia cometer na Alemanha nazista: nascer judeu. Em um ímpeto de desespero o rapaz de vinte e quatro anos procura Hans. É nesse momento em que você simplesmente se apega à família Hubermann. Você se surpreende, assim como a Morte, com “o que os seres humanos são capazes de fazer” (palavras da própria).
“A Menina que Roubava Livros” é aquele livro que te prende, sim. E é também aquele livro que te faz odiar o autor, por ser tão cruel. É aquele livro que te faz pensar no quão injusta é a vida e em como devem ter sido difíceis os tempos de guerra. A menina que roubava livros, a sacudidora de palavras, a Liesel Meminger. Você se emocionará com a história dessa menina… Os últimos capítulos vão chegando e seu coração padece a cada palavra lida. A cada segundo gasto… A história de Liesel é um conto que merece ser lido. Então, como a frase que é slogan do livro diz: “quando a Morte conta uma história, você deve parar para ler.”
Veja o Trailler!
Eu super amei o livro e o filme, vale super a pena ler e conferir o filme, você escolhe! Beijos!
Nenhum comentário , comente também!
Postar um comentário